segunda-feira, 14 de julho de 2014

PARA REFLETIR!!!!!!!!

“O modelo dos modelos”
Italo Calvino

Houve na vida do senhor Palomar uma época em que sua regra era esta: primeiro, construir um modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível; segundo, verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e realidade coincidam. [..] Mas se por um instante ele deixava de fixar a harmoniosa figura geométrica desenhada no céu dos modelos ideais, saltava a seus olhos uma paisagem humana em que a monstruosidade e os desastres não eram de todo desaparecidos e as linhas do desenho surgiam deformadas e retorcidas. [...] A regra do senhor Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...] Analisando assim as coisas, o modelo dos modelos almejado por Palomar deverá servir para obter modelos transparentes, diáfanos, sutis como teias de aranha; talvez até mesmo para dissolver os modelos, ou até mesmo para dissolver-se a si próprio.

Neste ponto só restava a Palomar apagar da mente os modelos e os modelos de modelos. Completado também esse passo, eis que ele se depara face a face com a realidade mal padronizável e não homogeneizável, formulando os seus “sins”, os seus “nãos”, os seus “mas”. Para fazer isto, melhor é que a mente permaneça desembaraçada, mobiliada apenas com a memória de fragmentos de experiências e de princípios subentendidos e não demonstráveis. Não é uma linha de conduta da qual possa extrair satisfações especiais, mas é a única que lhe parece praticável.

CONSIDERAÇÕES:

Modelos já não são mais indicados para qualquer área de conhecimento. Modelos não dão conta (e talvez nunca deram) de realidades diversas com as quais nos deparamos todos os dias.
Numa perspectiva dialética, um material pronto passa a ser questionado e, então, constrói-se um novo a partir do que se tinha. Este último, por sua vez, é novamente questionado e reiniciado o processo de construção ou reconstrução. Ou, se preferirmos, de ação-reflexão-ação.
Essa concepção é perfeitamente aplicável ao processo de aprendizagem. Sendo o Atendimento Educacional Especializado um apoio pedagógico e, portanto, situação de aprendizagem, aplica-se nele também. Isto porque, o professor do AEE, ao receber um aluno precisa atentar ou perceber as peculiaridades dele, suas dificuldades e potencialidades. Aí é que se inicia o processo: o levantamento do problema, o planejamento...
A partir daí é que algo pode ser construído. As ações a serem desenvolvidas devem ser adequadas para o aluno e não o contrário. Ou seja, é para o aluno que o processo se inicia, caminha e é finalizado.