O trabalho com
surdocegueira, bem como deficiência múltipla é um desafio para qualquer
educador. Aspectos como socialização, comunicação e afetividade são primordiais
para o avanço da aprendizagem. Com isso, no aluno com surdocegueira ou deficiência
múltipla, por apresentar comportamentos ou condutas muito particulares, o
avanço educacional nessas áreas assume também procedimentos metodológicos
bastante específicos.
A
diferenciação entre surdocegueira e deficiência múltipla também se faz
necessária a fim de direcionar o trabalho educacional a ser realizado em ambas.
Segundo a Lei 7.853/10/89, já obsoleta, deficiência múltipla, define-se como a
associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias
(intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam
conseqüências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa.
Em
contrapartida, em documentos do MEC (2006), diz-se que o termo deficiência
múltipla tem sido utilizado, com freqüência, para caracterizar o conjunto de
duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental,
emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas
alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de
desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social
e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas.
Já em relação à surdocegueira, para BEST Tony Information Guide (definições de surdocegueira
usadas em outros países. Documento sem editar), esta é uma deficiência única e especial que requer métodos de
comunicação especiais, para viver com as funções da vida cotidiana. E para OLSON,
Stig, Surdocegueira. (Apresentação na “A surdez: um mundo de encontro”, Santa
Fé de Bogotá, 1995), Denomina-se surdocego àquele que possui dificuldades
visuais e auditivas, independentemente da sua quantidade. “Uma pessoa que tenha
deficiências visuais e auditivas de um grau de tal importância, que esta dupla perda
sensorial cause problemas de aprendizagem, de conduta e afete suas
possibilidades de trabalho, é denominada surdocega.
Diante destas
definições, dentre outras tantas, Bosco (2010), colaboradora da coletânea
oficial do MEC relacionada à educação
inclusiva e Atendimento Educacional Especializado, contribui conosco no sentido
da ação pedagógica destinada à deficiência múltipla e surdocegueira.Dessa
forma, são necessárias técnicas específicas para cada uma delas, além da
ambientação, sensibilização e outras considerações.
Uma das
possibilidades técnicas para o trabalho com esses alunos que e que permite o estabelecimento de um sistema
de comunicação é a “mão-sobre-mão” e a “mão-sob-mão” [Mão sobre mão: a mão
do professor é colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu
movimento, o professor tem o controle da situação] ou a "mão sob mão"
[Mão sob mão: a mão do professor é colocada em baixo da mão do aluno de modoa
orientar o seu movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência
a explorar com segurança].
Outra sugestão de atividades são as que permitem a superação da defesa
tátil tão evidenciada nesses alunos. Assim, atividades que promovam o toque nos
mais diversos objetos e ou elementos naturais das mais diversas
características, possibilitam experiências de aprendizagem, bem como apontam
novas perspectivas ao aluno.
Ainda, sob contribuição da mesma autora, devem ser considerados a
comunicação e o posicionamento para o desenvolvimento de atividades. Para
tanto, podem ser necessárias pessoas que mediem o contato com o meio,
observação de comportamento que podem ser comunicativos, etc.
Diante do exposto, entende-se
que o plano de AEE elaborado para Nayara considerou o acervo textual
disponibilizado na disciplina, à medida que nas atividades pensadas são
percebidas as sugestões feitas pelos autores, bem como os conceitos
reconstruídos. O principal deles diz respeito à diferenciação entre
surdocegueira e deficiência múltipla, haja vista que, anteriormente, pensava-se
não haver essa diferença.
REFERÊNCIAS
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R.
S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva
da Inclusão Escolar - Fascículo 05:
Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).
Folheto FACT 3 – COMMUNICATION / Primavera
2005 - Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of
Elementary and Secondary Education. Tradução: Vula Maria Ikonomidis. Revisão: Shirley
Rodrigues Maia. Junho de 2008.
IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.